A Revista Berro é uma publicação jornalística e literária sobre sociedade, arte, cultura, política e humor, que tem o Bode Berro como mentor intelectual e guru espiritual. É inteiramente diagramada e ilustrada em softwares livres de código aberto (Inkscape, Scribus, Gimp e Krita).
Surgimos no segundo semestre de 2013 como uma iniciativa coletiva de comunicadores (berradores) que enxergam a comunicação sob a perspectiva da transformação social. Acreditamos numa comunicação engajada, feita com compromisso ético-político.
Desde o início, mais de 13 mil revistas já foram distribuídas de forma gratuita em bibliotecas públicas e comunitárias, equipamentos culturais, escolas públicas, entidades do terceiro setor e de representação coletiva (associações, sindicatos, federações etc.), associações comunitárias, universidades, faculdades, etc.
Acreditamos que a comunicação é um direito humano que deve estar acessível para todas as pessoas. A gratuidade é um posicionamento político da Berro. Queremos não apenas diversificar o conteúdo midiático, mas também torná-lo acessível, principalmente, aos setores sociais historicamente excluídos desse processo.
A equipe editorial também realiza debates e ministra cursos teórico-práticos com formação em Educomunicação, envolvendo teoria crítica da mídia e conteúdos práticos nas linguagens de audiovisual, fotografia, impresso, internet, rádio/podcast e produção textual. As formações realizadas pela revista são feitas em parceria com instituições públicas ou do terceiro setor e ofertadas ao público final de forma gratuita.
Mapa do jornalismo independente
A Berro faz parte do mapa do jornalismo independente no Brasil, seleção realizada pela Agência Pública em 2016, que reuniu dados de iniciativas de comunicação autônomas em todo o país. Um oásis político-comunicacional do jornalismo brasileiro.
O bode e o bééé
O Bode Berro é o nosso conselheiro, traz para nós ares de crônica e de gaiatice, mas uma gaiatice apoiada na crítica e no questionamento, a partir daquilo que é falado nas ruas, nas praças, nas conversas de mesa de bar.
Falar para o cearense é uma arte. Nós da Berro enxergamos isso como potência e, em muitos momentos, o nosso estilo de escrever se aproxima da oralidade do cearensês, seja em seções da revista impressa, assim como no site e nas nossas redes sociais.
Organização editorial
Discutimos as pautas das edições impressas e do site de forma não burocrática, horizontal e criativa. Cada componente traz sua contribuição inteiramente pessoal e independente, que são mescladas com as construções feitas de maneira coletiva. Nosso sistema de produção de pautas é baseado principalmente em três linhas editoriais, que passeiam entre o social, o político e a arte-cultura: a) a relevância coletiva do tema; b) a problematização das questões sociais; c) a perspectiva cultural, social e psíquica do conteúdo artístico.
Por fim, vale sublinhar que a Berro agrega diversas contribuições, acolhendo e divulgando produções literárias e jornalísticas, ensaios fotográficos, ilustrações, quadrinhos, etc. de pessoas de todo o Brasil.
Esta revista é construída colaborativamente a muitas mãos, corações e mentes inquietas e subversivas que também querem se comunicar.
Revista Berro é uma publicação impressa e eletrônica sobre sociedade, política, arte, cultura, comunicação, literatura, humor etc., que tem o Bode Berro como mentor intelectual e guru espiritual.
Espia aí as edições impressas!
I. POR QUE E PRA QUEM?
A Revista Berro surgiu em maio de 2014 no contexto de luta por mudanças estruturais no campo da comunicação. Sabíamos que começar uma experiência assim, sem saber o que viria ao certo pela frente, não era tarefa fácil. Mas precisávamos fazê-lo! Tínhamos que fugir da segurança aparente de nossos lugares-comuns que, muitas vezes, nos imobiliza. Só verdadeiramente andamos pra frente quando saímos da zona de conforto e nos lançamos ao encontro do horizonte desconhecido, do novo. Liberdade também é risco!, já nos ensinaram muitos mestres. “Um passo à frente e você já não está mais no mesmo lugar”, disse Chico Science certa vez. Eduardo Galeano completa: “A utopia existe para que não deixemos de caminhar”. É isso!
A Berro é um passo à frente em nossos sonhos, é parte da caminhada rumo às nossas utopias de um mundo justo, humano, fraterno. É uma iniciativa coletiva de comunicadores e berradores sociais que enxergam a comunicação como práxis transformadora e revolucionária. Ocupamos criticamente um espaço contra-hegemônico, que se propõe a ser um catalisador de experiências que ajudem a denunciar e transformar o estado de coisas violento e excludente. Não legitimamos uma sociedade que exclui, marginaliza e oprime!
Os meios de comunicação são uma ferramenta imprescindível para a autonomia dos povos. Hoje, os grandes oligopólios comunicacionais servem tão somente à manutenção da ordem simbólica, socioeconômica e política vigente. No Brasil, a imprensa hegemônica, também chamada de “grande mídia”, que se resume a cerca de dez grupos empresariais, comandados por famílias atavicamente privilegiadas, controla majoritariamente a produção, a distribuição e a veiculação do conteúdo midiático. A comunicação empresarial brasileira tem sido aliada no fomento à manutenção de privilégios a determinados grupos sociais historicamente favorecidos, bem como legitima a exclusão, a estereotipação e a criminalização de grande parcela da sociedade.
Temas como o racismo, o machismo, a homofobia, o preconceito de classe, a violência social e policial, entre outros que envolvam a violação aos direitos humanos, são reiteradamente retratados de maneira distorcida pelos meios de comunicação hegemônicos, que constroem um repertório narrativo uníssono, intrinsecamente atrelado à lógica da dominação e da marginalização de grupos sociais historicamente oprimidos.
Faz-se imprescindível que se lute para transformar esse cenário. A Berro visa, principalmente, à problematização da estrutura dominante e de questões relacionadas à violação dos direitos humanos, sem perder de vista o papel nocivo que o oligopólio dos meios de comunicação exerce ao garantir a manutenção do status quo. Por fim, a revista se propõe a lançar outros olhares e práticas na comunicação social e na vida.
Ao contrário da grande imprensa, não nos pretendemos hipocritamente neutros e imparciais, temos lado, assumimos a defesa dos interesses de grupos historicamente oprimidos e marginalizados pela sociedade do espetáculo. Levamos até as últimas consequências a máxima de que “outra comunicação e outra sociedade são possíveis”. A comunicação, no nosso entendimento, deve servir para a superação de opressões sociais históricas.
II. LINGUAGEM SEM NORMAS E REGIDA PELO CEARENSÊS
Quanto à linguagem, deixamos claro, de início, que as amarras da comunicação fria e tecnicista jamais nos prenderão! Essa comunicação opaca e sem vida, plena de normas impositivas e que limitam a liberdade de criação, não nos representa! Acreditamos numa comunicação engajada, orgânica, visceral, feita com a mente e o coração, muito além daquela “bonitinha” e ordinária, da ditadura do lead, forjada normativamente nos manuais de redação do jornalismo convencional. Queremos uma comunicação com pulsão e tesão, que mexa com nossos nervos, que nos emocione, que vibre, que lute, que transforme!
Em muitos momentos, o nosso estilo de escrever se aproxima da oralidade do cearensês (“idioma” falado pelos cearenses!), muitas vezes com ares de crônica e gaiatice, daquilo que é falado nas ruas, nas praças, nas conversas de mesas de bar. Não temos nenhum apego e nenhuma necessidade de obediência cega às estruturas impositivas e autoritárias da gramática normativa. Queremos tirar o terno e a gravata das letras e da comunicação; um bermudão e uma chinela nos representam bem mais.
III. (DES)ORGANIZAÇÃO: ANARQUISMO EDITORIAL
Não temos estruturas cristalizadas para produzirmos conteúdo. Pelo contrário, recusamos qualquer meio ou instrumento que burocratize e limite nossa liberdade criativa. Somos, antes de tudo, uma revista aberta, livre, anárquica, sem linha editorial engessada. Nosso sistema de produção de conteúdo é baseado no nosso princípio organizador: a amizade!
Pensamos que, dessa maneira, com essa forma específica e diferente de organização de pauta, não burocrática, horizontal e criativa, discutindo cada edição de forma espontânea, temos uma liberdade para criar e inovar jamais permitida e imaginada num veículo da mídia empresarial. Cada um dos componentes traz sua contribuição inteiramente pessoal e independente, mesclada com as construções feitas de maneira coletiva, sem obedecer a nenhum marco limitador, a nenhum engessamento editorial. A revista é a soma das contribuições individuais e coletivas. Esse é nosso grande trunfo!
IV. CONSTRUÇÃO COLETIVA: MUITAS MÃOS, MENTES E CORAÇÕES
A Berro foi criada para funcionar também como uma extensa plataforma que agrega diversos berros historicamente silenciados pelas opressões atávicas. É uma iniciativa completamente aberta às contribuições, feita em parceria cotidiana com as leitoras e leitores que colaboram concretamente para o conteúdo da revista, com a produção permanente de textos, ensaios fotográficos, ilustrações, quadrinhos, etc.
É nesse sentido que a Berro é construída coletiva e colaborativamente a muitas mãos, corações e mentes inquietas, subversivas e inconformadas com as dominações hegemônicas. Acreditamos que berrar ajuda a expurgar muita coisa que fica entalada dentro da nossa alma! A parceria direta, horizontal e cooperativa com nossas leitoras e leitores, tantas vezes proposta por projetos alternativos e raramente alcançada, é uma imprescindível ferramenta para a construção de uma nova comunicação e de uma outra sociedade!
V. DA TRAGÉDIA À COMÉDIA: A BUSCA PELO HUMOR SOCIAL
Assim como n´O Pasquim – que para nós é uma referência importante -, o humor, a ironia, a fuleragem, o deboche e a molecagem são componentes imprescindíveis na construção coletiva e satírica da Berro. Contudo, não produzimos um humor puramente diversionista, pobre e alienado, que reproduz discursos historicamente preconceituosos e opressores. O cartunista Henfil disse que “o verdadeiro humor é aquele que dá um soco no fígado de quem oprime”. Assinamos embaixo!
Bebendo das referências pasquinianas, fazemos um humor fortemente vinculado ao social, como instrumento de reflexão e crítica dos costumes moralistas e hipócritas dessa sociedade. Lançamos mão de um humor fortemente centrado na denúncia da coerção e da violação dos direitos humanos; um humor às vezes leve, às vezes agressivo, de pressão e contestação do status quo. Colocamos o dedo na ferida!
Acreditamos que o humor é extremamente transformador, é uma linguagem subversiva por si só. Sempre encontra um caminho perspicaz para burlar aquilo que lhe é imposto. Funciona como terapia coletiva, fazendo vir à tona umas das principais funções psicológicas do riso, a de dissipar tensões acumuladas. Em tempos de extremas violações aos direitos humanos em todas as partes do mundo, o humor social torna-se ferramenta importante do dia a dia; a sátira se apresenta como um ponto de agregação dos/as dominados/as e de identificação entre os/as insatisfeitos/as com o estado das coisas.
VI. LITERATURA E ARTE MARGINAIS
Vale dizer que para além da comunicação com viés jornalístico desenvolvemos também um espaço potente para a literatura (contos, crônicas e poesias) e para as artes (fotografia, gravuras, quadrinhos, pinturas, etc.). Consideramo-as marginais não por uma suposta falta de qualidade estética, mas, em outro sentido, por estarem à margem da literatura e das artes já cooptadas pelas dominações e modismos.
Para tal, contamos com a colaboração de artistas e escritores/as que contribuem frequentemente para a construção coletiva da Berro. Damos vazão a criações literárias e artísticas que estética e criticamente rompem e fogem aos enquadramentos propostos por “especialistas” da indústria cultural.
VII. O BODE BERRO
Ainda bebendo das referências pasquinianas, assim como Jaguar inventou o ratinho Sig para O Pasquim, lançamos mão também de um mascote fuleragem, sem pudor, danado que só ele: o Bode Berro – genuinamente cearense! Ele vai nos acompanhar em todas as edições, nas capas, matérias, entrevistas, quadrinhos, redes sociais, sítio eletrônico.
Em qualquer de suas formas (cartum, charge, quadrinhos), o personagem aparecerá sempre na revista, e espalhado por todo o seu conteúdo, não confinado a determinadas páginas ou seções, sempre deixando às claras suas posições, sem hipocrisia ou papas na língua.
VIII. DISTRIBUIÇÃO
A Berro é gratuita! Como entendemos que a comunicação é um direito humano e que deve estar acessível para todas e todos, pensamos que a gratuidade contempla nossos anseios.
Pretendemos uma distribuição pulverizada por Fortaleza (cidade sede da revista), nas suas seis regiões administrativas. A distribuição será feita nas ruas, em praças, em escolas públicas, universidades, faculdades, associações comunitárias, bairros vulneráveis e marginalizados, bibliotecas públicas e comunitárias, entidades do terceiro setor, centros culturais, etc.
Temos também colaboradores para distribuí-la nas regiões sul (Cariri) e norte (Sobral) do Ceará e nos estados do Piauí, Sergipe, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e no Distrito Federal.
Vida longa à Berro!
Para saber um pouco mais sobre a revista, veja o vídeo abaixo do lançamento em maio de 2014: